Balançar

Tínhamos um plano. Setembro a começar, eu absolutamente exausta dos últimos dias de férias, mas com uma luz à vista. Muito em breve as aulas retomariam e tudo voltaria ao normal. Imenso trabalho para pôr em dia mas com o devido foco não seria dramático.

A Graça ficava mais um ano em casa, até fazer 3, resguardada das infecções respiratórias e outras chatices, que sabemos tão bem, como mexem com eles e com a nossa gestão do dia-a-dia.

Mas, mas. A nossa querida Rosie, mais que enturmada com a Graça, com as nossas rotinas e a ajudar-me na gestão de sábados para eu poder trabalhar, vai regressar no final do mês para junto da família. (que bom e que difícil para estes lados)

Disse-nos há poucos dias e desde então o meu modo tem sido -pânico- o que vamos fazer?

Pensamos e repensamos. Por um lado, a Graça está mais que "preparada" para a escola, gosta de socializar e até me fazia alguma pena esperar mais um ano. Não fosse os antibióticos ou outros remédios que não vê desde os 4 meses devido a esta nossa opção de a resguardarmos até aos 3, já a teria inscrito.

O Xavier e o Sebastião começam um ano novo (3 anos e 1º ano) no Externato Luso-Britânico, uma mudança muito boa para eles. A Leonor retomava com as excelentes notícias que o seu "desaparecido" espectacular professor do 1º ano, teve de novo lugar nas colocações deste ano. Tudo quase perfeito.

A minha primeira reacção foi tranquila. Não há problema: a Graça vai para a escola, arranjamos alguém para fazer algumas horas de limpeza, refeições e passar a ferro. Eu, volto a redefinir horários de trabalho e vai dar tudo certo.

Depois dormi sobre o assunto, e voltei a dormir, e senti o caos instalar-se. Mas para que escola? Agora só há colégios a 500€/mês. Já não há vagas em IPSS nesta altura do campeonato (onde sempre tivemos os nossos filhos). E se ela ficar doente semana sim, semana não? Vai atrapalhar-me nos meus trabalhos, de forma inesperada, e continuo a pagar colégios.

Então pensei que seria mais simples eu ficar com ela, e mudar um pouco mais a gestão de trabalho. Quando dei por mim percebi que não ia mesmo conseguir trabalhar o suficiente. Então teria que cortar custos fixos, desistir do atelier, assistente, etc.

E aí é que senti o tapete sair dos meus pés. O meu atelier, o espaço com que sonhei e que foi tão importante para mim, uma etapa que ainda ia no início, um projecto que nem cheguei a concretizar. A minha independência, o meu espaço criativo.

Por um lado sentia que seria boa mãe para ela, levaria-a comigo às sessões no carrinho (LOL), levaria-a para os treinos, e talvez uma sessão de LPG. Era muito giro, se fosse na verdade viável. À noite editava e tudo correria sobre rodas.

Bom, mas a vida real não é bem assim. A Graça precisa de horários, ia adormecer antes de almoçar, acordar rabugenta, depois não almoçava, dormia no carrinho. Tudo destrambulhado. Estaria eu, afinal, a ser uma boa mãe?

Pelo meu estado de nervos e ansiedade com todas estas questões e pela forma intempestiva com que tratei os miúdos nesses dias, a resposta era clara. Não.

E não faz mal.

Não haverá certos nem errados, mas neste momento, sinto que preciso de dar continuidade aos meus projectos, à fotografia e à pintura. E que esse tempo é essencial para me encontrar, e para ter paz suficiente de forma a conseguir segurar as pontas desta família numerosa.

Já descobrimos uma boa opção para todos, um meio tempo alongado que me vai permitir ter de novo, quase tudo!

:)


estás pronta, boneca?

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